A vida do menino Juan deu uma grande virada aos 6 anos de idade, mas hoje, recuperado de um câncer ósseo, ele encontrou no surfe uma possibilidade de futuro
Com apenas 10 anos de idade, Juan Yure Carneiro das Chagas já precisou enfrentar um obstáculo que derruba até adultos. Depois de uma inocente brincadeira entre amigos, que resultou em uma lesão no osso da coxa, Juan fez uma série de exames para descobrir o motivo do inchaço. Constatado uma alteração no osso femoral foram necessários outros exames, incluindo uma biópsia. Com o diagnóstico do Osteosarcoma, câncer ósseo que começa nas células formadoras dos ossos, deu início a luta do garoto pela vida.
O próximo passo foi o começo do tratamento especializado no Centro Pediátrico do Câncer. Sem filas de espera, Juan recebeu atendimento imediato, além disso o paciente e sua família contaram com todo apoio e carinho necessários neste momento doloroso. A amputação, que antes era apenas uma possibilidade, tornou-se um fato real e mais uma vez a força dessa família foi testada.
A amputação é um dos procedimentos durante o tratamento do câncer que evita que o tumor se espalhe para outras regiões. No caso do Juan, a perda da perna direita representou um momento difícil para toda a família que, no final, acabou tirando sua força do próprio garoto. “Todos estávamos sem forças, principalmente eu, mas o Juan foi nossa base. Foi ele quem nos ajudou a seguir em frente”, explica Jenniffer Maria Carneiro, mãe do rapaz.
Apesar da perda difícil, Juan conta que no início o sentimento que permeou foi o desespero, porém com o avanço do tratamento e a visível melhora, a perspectiva do garoto mudou. “A cura foi a melhor alegria da minha vida. Eu passei por uma dificuldade grande, mas hoje eu sou um vencedor. Deus pode tudo e eu fiquei muito feliz quando Ele me deu a cura”.
O surfe
A paixão pelo surfe é de família. Seguindo os exemplos do pai e do tio, Juan deu suas primeiras braçadas no mar desde muito cedo, porém o amor pelo esporte só aflorou de fato depois do câncer. Com a perda da perna, Juan precisou procurar outras atividades que o mantivesse na ativa e exercitasse os membros superiores. Foi no surfe que ele viu a chance de um recomeço. Por meio de um amigo ele foi apresentado ao projeto A Maré Vida, do qual já faz parte há mais de um ano, que ensina pessoas com deficiência a surfar. O que era para ser um passatempo, hoje se tornou uma possibilidade de futuro para o garoto. “Duas vezes por semana eu vou para a Praia do Futuro fazer as aulas de surfe. Ainda dou umas caídas, mas já estou melhorando. O surfe me ajudou muito na minha recuperação, principalmente quando eu precisava me exercitar. Hoje eu sonho em ser um surfista profissional”. A falta de um membro não representa uma perda na vida do futuro surfista. Foi por meio de um acontecimento doloroso que Juan encontrou não só um objetivo de vida, mas uma vocação.
Assessoria de Comunicação da Associação Peter Pan