Quem vê a sorridente Ana Cristina Farias de Paula de 18 anos, natural da cidade de Cascavel, interior do Ceará, não imagina como ela precisou vencer uma difícil batalha contra o câncer. Em outubro de 2015 os primeiros sinais da doença começaram a se manifestar. O enjoo, cansaço, as ínguas no pescoço dificultando a ingestão de alimentos marcaram o início de uma grande mudança na vida da menina. A primeira visita a um hospital não gerou muitos resultados. Os médicos não identificaram nada alarmante no quadro de Cristina, por isso ela retornou para casa. Porém, os sintomas continuaram surgindo e após uma avaliação médica no quarto hospital, a menina foi internada. Suspeitava-se que ela estava com calazar, uma doença contraída pelo parasita Leishmania que é transmitido pela picada de mosquitos-palha infectados. O parasita ataca o sistema imunológico e caso não seja tratado pode ser fatal.
Chegando ao Hospital São José de Doenças Infecciosas, localizado na cidade de Fortaleza, foi constatado que não se tratava do calazar e a partir desse momento o grande desafio foi desvendar a doença jovem. Devidamente encaminhada para o Hospital Infantil Albert Sabin (Centro Pediátrico do Câncer), onde ficou internada por mais alguns dias, no dia 13 de outubro Ana Cristina descobriu que estava com Leucemia Linfóide Aguda, a LLA.
A LLA surge quando as células-troncos, responsáveis por produzir os componentes do sangue, sofrem alterações. As células param de funcionar corretamente e começam a se reproduzir de maneira desordenada. Por afetar a maior parte das células em formação, a LLA compromete todas as células sanguíneas. A doença se desenvolve muito rápido, por isso o diagnóstico precoce e o tratamento especializado devem ser feitos de forma imediata.
O câncer é uma doença que afeta toda a família e com os Farias não foi diferente. A debilidade da filha trouxe dúvidas se ela conseguiria vencer, porém havia algo que unia os pais e irmãos de Cristina, a fé. Acreditar numa superação foi o que os fez seguir adiante e ser o apoio que ela precisava naquele momento. “Muitas vezes ela (Cristina) me via chorando e pedia que eu não chorasse. Nós a apoiamos muito, mas a Ana Cristina foi nossa força também”, conta emocionada Maria Cristiane Xavier de Farias Paula, a mãe da menina.
Com a comprovação do câncer, o próximo passo foi seguir para o tratamento. Um começo difícil fez com que o emocional da paciente ficasse abalado. “Por um tempo eu achei que fosse morrer. A quimioterapia era a pior parte, porque me deixava sempre enjoada, mas um dia eu vi que poderia sair daquela situação. Quando eu decidi não deixar a tristeza me abater, as coisas mudaram. O tratamento evoluiu e hoje estou aqui para contar o que vivi e venci”, sorri Cristina ao falar da sua superação.
Hoje, ao olhar para trás, o câncer não passa de um obstáculo que cruzou o seu caminho e que ela, com força de vontade e um coração transbordando de alegria, conseguiu ultrapassar. Depois de um ano e dois meses longe da sala de aula, Cristina se formou no Ensino Médio e está estudando para ser uma técnica em enfermagem, além de fazer parte de uma agência de modelos. Com pouca idade, a menina de sorriso bonito pôde ver a parte difícil da vida, mas a beleza da coragem, da força e da esperança varreram essa fase para longe e hoje, ela só tem a agradecer.
“A Associação Peter Pan foi uma bênção na minha vida. A dedicação dos médicos, dos enfermeiros e o apoio dos voluntários eram o que me fortalecia durante o tratamento. Eu guardo lembranças muito boas do Espaço do Adolescente. Várias vezes eu esquecia na doença só em estar ali com meus amigos, rindo, brincando, sendo apenas uma adolescente. As pessoas do Hospital tornam a vida da gente melhor, ao ponto de esquecermos que aquele ambiente é um hospital. Nós somos recebidos com muito carinho e dá para ver que eles realmente se preocupam conosco. Ali eu fiz amizades que levarei para a vida”, Ana Cristina enfatiza emocionada.
Assessoria de Comunicação da Associação Peter Pan